TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 6: os itens fora da agenda formal, a novela da COP31 e Shawn Mendes

  • 15/11/2025
Olá, aqui quem escreve é Roberto Peixoto, repórter de Meio Ambiente no g1. Este é o Termômetro da COP30, edição #DIA 6, um boletim com o essencial que você precisa saber sobre a 30ª Conferência do Clima da ONU. Eu vou explicar para você, em 7 tópicos, como foi a sexta-feira em Belém. Entre os destaques, eu conto que os primeiros rascunhos finalmente começaram a circular e mudaram o clima das negociações. Vou falar também por que a disputa pela sede da COP31 virou uma novela diplomática que precisa ser resolvida em Belém. E ainda explico como quatro temas (financiamento, metas climáticas, comércio e transparência) seguem travando a conferência a uma semana do fim. 1 - Em alta X em baixa EM ALTA: 📝 Os primeiros rascunhos da COP30 começaram a aparecer, um sinal de que a cúpula engrenou. Um dos textos que circulou reúne as primeiras propostas sobre adaptação, ainda longe do fim, mas suficiente para mostrar que as conversas saíram do zero. Ainda tem travas aqui e ali, claro, mas ver papel na mesa sempre indica que a COP saiu do aquecimento e entrou no jogo de verdade. "Desde segunda-feira vimos o esforço para manter mesas funcionando, limpar textos e evitar travamentos. O resultado foi uma semana 'produtiva' no sentido burocrático, porém muito aquém da realidade do planeta. Nenhuma aterrissagem política importante ocorreu até agora. O desfile para valer começa na semana que vem, com o início da etapa ministerial, de decisões políticas", avalia Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa. EM BAIXA: ❓ A Etiópia já está em clima de comemoração por ter sido escolhida para sediar a COP32 em 2027. Mas, antes disso, a novela é outra: a COP31 segue totalmente indefinida. Austrália e Turquia disputam quem recebe a conferência e nenhuma das duas dá sinal de recuo, e o consenso precisa sair até o fim da COP30. Se nada for resolvido, a sede cai automaticamente em Bonn, na Alemanha. E os alemães já avisaram que não estão nem um pouco empolgados com essa possibilidade: segundo o governo, um ano é pouco tempo para organizar uma COP. 2 - Brisa de esperança: adaptação ganha um empurrão importante No meio de tantas disputas, um movimento desta semana chamou atenção de quem acompanha de perto o tema da adaptação: a proposta de triplicar o financiamento entrou no texto em negociação. Para muitos países menos desenvolvidos, isso não é detalhe, é sobrevivência. A dúvida que sempre surge é: criar indicadores de adaptação não pode virar cobrança ou condicionar recursos? Quem está na sala explica que não. O próprio Acordo de Paris deixa claro que esses indicadores são voluntários, não podem ser usados como punição e não afetam a soberania dos países. O esforço agora é justamente garantir essa proteção no texto final do objetivo global de adaptação, o GGA. E tem um ponto importante: adotar indicadores não significa restringir financiamento. muitas vezes, é o contrário. Quando um país apresenta um plano de adaptação alinhado ao sistema da ONU, ele justifica receber mais recursos, não menos. O alerta vem do Pnuma: o financiamento para adaptação caiu de 2022 para 2023. Por isso, observadores dizem que a COP30 precisa enviar um sinal forte. Não é para comparar quem se adapta melhor ou pior, mas para garantir que todos avancem, cada um do seu jeito, com métricas flexíveis. Não é um desafio muito complexo, mas não é algo impossível de ser feito, tanto é que a gente tem uma lista de indicadores que não é perfeita, mas ela é uma lista que pode ser adotada caso ela tenha essas salvaguardas e que ela possa ser melhorada ao longo do tempo. Espaço da COP30 em Belém COP30/Divulgação 3 - Traduz aí, g1 O QUE SÃO OS PARES MINISTERIAIS? Se você está acompanhando a COP30, deve ver essa expressão pipocando cada vez mais: pares ministeriais. Parece complicado, mas é simples. Quando as negociações travam, e elas sempre travam, a presidência da COP convida dois ministros, de países diferentes, para “apadrinhar” um tema específico e ajudar a destravar as conversas na semana de alto nível. A carta que o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, enviou às delegações confirma quem vai cuidar de quê. Ficou assim: Financiamento: Quênia e Reino Unido Mitigação: Egito e Espanha Transição Justa: México e Polônia Tecnologia: Austrália e Índia Gênero: Chile e Suécia A lógica é bem prática: colocar à frente de cada tema um par que consiga conversar com todos os lados, construir confiança e sugerir compromissos. É aquela hora em que as negociações deixam de ser só técnicas e ganham peso político, justamente para dar o empurrão que faltou na primeira semana. E tem um par extra que você vai ouvir bastante nos próximos dias: Noruega e Emirados Árabes, responsáveis pelo Global Stocktake, o grande “balanço” do Acordo de Paris que mostra a distância entre o que o mundo precisa cortar de emissões e o que está realmente fazendo. É uma escolha que chamou atenção porque os dois são grandes produtores de combustíveis fósseis, e o GST toca diretamente no futuro do petróleo, do gás e do carvão. 4 - Pergunta do dia: e os quatro itens que ficaram de fora da agenda? A presidência da COP30 prometeu anunciar neste sábado (15) o rumo dos quatro temas que estão segurando a conferência: financiamento, metas climáticas (NDCs), medidas comerciais e transparência. A solução sobre a mesa, segundo observadores ouvidos pelo g1, é empacotar tudo em uma decisão única para evitar que cada assunto trave o outro. Isso conversa diretamente com a lógica da chamada Missão 1,5, lançada pelo próprio Brasil anos atrás: sem dinheiro, não há metas mais fortes; sem metas mais fortes, o 1,5°C escapa. Por que limitar o aquecimento a 1,5°C é a meta perseguida? Por que cada grau importa? Gui Sousa/Arte g1 O maior nó continua sendo o financiamento, que empurra ou trava todo o resto. Sem clareza sobre recursos, países em desenvolvimento resistem a discutir metas mais ambiciosas. E, quando metas não avançam, as conversas sobre comércio e transparência também perdem tração. É por isso que essa ideia de uma decisão combinada ganhou força como um caminho possível, ainda que não garantido. No fim do dia, a Florence Laloë, da Conservação Internacional, resumiu o clima: "Antecipamos momentos de impasse, refletindo desacordos históricos que se repetem nas COPs, mas, na Conservação Internacional, não duvidamos da grande disposição política para avançar". A Presidência brasileira tem desempenhado um papel fundamental ao criar uma atmosfera positiva nas negociações, e isso merece ser celebrado - afinal, será preciso todo mundo e todas as ferramentas à mesa para fazer a diferença pela natureza. Quer mandar uma pergunta pro TERMÔMETRO? Envie pelo VC no g1 ou nos comentários desta reportagem 5 - Fóssil do Dia O Fóssil do Dia da sexta ficou com os Estados Unidos. E o motivo é simples: o país mais responsável pelas emissões históricas de gases de efeito estufa simplesmente decidiu não participar da COP30. O prêmio satírico, dado diariamente por organizações da sociedade civil, destacou que essa ausência pesa porque os EUA deixaram vazia justamente a cadeira de quem tem uma das maiores responsabilidades na crise climática. A justificativa dos ativistas é de que ao se afastar das negociações, os Estados Unidos também se afastam das obrigações do Acordo de Paris e evitam a pressão pública que costuma recair sobre grandes emissores. Na prática, isso fragiliza o processo multilateral num momento em que os países discutem temas como justiça climática, financiamento e adaptação. Relembre o termo multilateralismo no TERMÔMETRO DA COP30 #DIA 5 Ativistas da Climate Action Network entregam o “Fóssil do Dia” aos EUA em uma cerimônia satírica na COP30, em Belém. Climate Action Network Há outro efeito imediato. A ausência americana já começou a ser usada por alguns governos como argumento para reduzir ambição ou adiar decisões sensíveis. É como se o maior emissor histórico tivesse aberto espaço para que outros também pisem no freio. É por isso que, no anúncio do prêmio, os ativistas ressaltaram a imagem simbólica que querem destacar: na COP30, o lugar reservado aos Estados Unidos acabou representado como uma cadeira vazia e, na visão deles, essa cadeira diz muito sobre o que está em jogo. 🦖 O "Fóssil do dia" é um "prêmio" é simbólico e irônico, concedido uma vez por dia durante as conferências climáticas da ONU. 6 - Você precisa assistir Feira do açaí: toneladas da fruta abastecem diariamente a capital paraense  Se você quer sentir um pouco da Belém que existe fora dos pavilhões, dá um play no vídeo da Paula Paiva Paulo. Ela foi até a Feira do Açaí, pertinho do Ver-o-Peso, e mostrou o ritmo impressionante de quem vive do fruto que move o Pará. Toda noite chegam barcos carregados de cestos vindos das ilhas. E o descarrego é quase uma dança: um passa para o outro, alguns voam do barco para o cais, outros seguem empilhados na cabeça com uma facilidade que a gente nem acredita vendo de perto. A Paula também mostra como a feira virou um ponto cultural nos últimos anos, com roda de carimbó animando as noites de domingo enquanto o açaí continua chegando. Vale muito assistir. É Belém sendo Belém, do jeito mais verdadeiro possível. 7 - Além da imagem Shawn Mendes e o Cacique Raoni. Monise Cardoso/Greenpeace Brasil MAIS DO QUE UMA FOTO: Shawn Mendes apareceu na COP30 de chinelo e camiseta amarela e, claro, virou assunto nos corredores. Sem o crachá da ONU no pescoço, ele acabou parado no detector de metais e foi levado pelos seguranças para uma área reservada. Quem estava perto viu a confusão. Antes de chegar ao pavilhão, porém, ele se encontrou com o cacique Raoni em um hotel. E, segundo o Greenpeace, ouviu um pedido direto: continuar levando ao mundo a mensagem de respeito às florestas e aos povos que as protegem. Na segunda (17), acompanhe mais um TERMÔMETRO DA COP30. Até lá! LEIA TAMBÉM: Preços de hospedagem caem quase 50% em Belém às vésperas da COP 30, aponta Airbnb Cúpula de Belém surpreende ao trazer de volta o petróleo para o foco das negociações da COP Tornado, ciclone, furacão: entenda as diferenças entre os fenômenos meteorológicos

FONTE: https://g1.globo.com/meio-ambiente/cop-30/noticia/2025/11/15/termometro-da-cop30-dia-6-os-itens-fora-da-agenda-formal-a-novela-da-cop31-e-shawn-mendes.ghtml


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