'Imagem distorcida e ultrapassada', diz Embratur sobre recomendação da embaixada dos EUA para que americanos não visitem regiões do DF
31/05/2025
(Foto: Reprodução) Alerta recomenda cautela no Brasil por crimes e sequestros e cita Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá. Embratur diz que aviso causou 'estranheza' e 'indignação'. Embaixada dos EUA em Brasília
Walder Galvão/G1
A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) criticou o alerta de segurança publicado pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, que afirma haver aumento no risco de sequestro no país e recomenda que americanos evitem visitar Ceilândia, Santa Maria, São Sebastião e Paranoá, no Distrito Federal.
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O alerta foi divulgado na sexta-feira (30), no site oficial da embaixada. Segundo o comunicado, houve um aumento de crimes violentos no país e por isso precisou atualizar as recomendações de segurança para cidadãos americanos.
Em resposta, a Embratur afirmou que o alerta causou "estranheza" e "indignação" por reproduzir uma imagem "distorcida e ultrapassada" do país. A agência destacou que, apenas nos quatro primeiros meses de 2025, o Brasil recebeu 4,4 milhões de visitantes internacionais — um crescimento de 51% em relação ao mesmo período do ano anterior.
"A hospitalidade brasileira é reconhecida mundialmente. Aqui, todos são bem-vindos — independentemente de nacionalidade, etnia, orientação sexual, religião ou posicionamento político", afirmou Marcelo Freixo, presidente da Embratur.
Segundo o comunicado, os Estados Unidos são atualmente o segundo maior emissor de turistas para o Brasil, com 306 mil visitantes entre janeiro e abril deste ano.
A Embratur ainda ressaltou que, em 2024, o Brasil registrou os menores índices de violência em 11 anos.
"Repudiamos esse tipo de recomendação alarmista, que mais se presta à desinformação do que à proteção dos cidadãos americanos", afirmou Freixo na nota.
O g1 questionou a embaixada sobre a manutenção dos locais no aviso de 2025, mas a representação diplomática afirmou que não comenta assuntos relacionados à segurança.
Recomendações da embaixada sobre o Brasil
O texto, publicado em português e chamado "Aviso de Viagem", é atribuído ao Departamento de Estado norte-americano, órgão equivalente ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
"Atualizado para informar indicador de risco de sequestro. Exerça maior cautela no Brasil devido ao crime e sequestro. Algumas áreas apresentam risco maior", diz o documento.
Além do Distrito Federal, entre outros pontos, a embaixada americana:
afirma que as atividades de gangues e do crime organizado são "generalizadas" no país e frequentemente ligadas ao tráfico de drogas
recomenda aos americanos que não se dirijam a favelas, mesmo em visitas guiadas;
recomenda aos americanos que não se desloquem para as regiões administrativas do Distrito Federal, nas redondezas de Brasília (funcionários só poderão ir com autorização).
No trecho em que a embaixada faz um "resumo do país", o Brasil é descrito como um local com crimes violentos – assassinato, roubo à mão armada e roubo de carros – que podem ocorrer em áreas urbanas, de dia e de noite.
Em seguida, a embaixada afirma que agressões físicas, com uso de sedativos e drogas colocadas em bebidas, são "comuns" no Brasil.
"Criminosos visam estrangeiros por meio de aplicativos de namoro ou em bares antes de drogar e roubar suas vítimas. Funcionários do governo dos EUA são aconselhados a não usar ônibus municipais no Brasil devido ao sério risco de roubo e agressão, especialmente à noite", aponta a embaixada.
Nesse contexto, a embaixada faz uma série de recomendações aos cidadãos americanos que viajarem ao Brasil, entre as quais:
preparar um plano para situações de emergência
não exibir objetos valiosos, como relógios caros ou joias
desenvolver um plano de comunicação com a família
'Sem embasamento', diz governador do DF
Ibaneis fala sobre recomendação de embaixada dos EUA para regiões do DF
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), se manifestou contra o alerta, neste sábado (31) (veja vídeo acima).
"Acho que eles deram um declaração sem embasamento. Eu ando por todas essas cidades todos os dias, e a gente não vê falar de sequestro. Até os sequestros relâmpago que existiam no passado desapareceram", diz o governador.
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